“O flagelo comunista que fez da matéria atomística o seu deus, do kolkhoze a sua igreja e de Marx o seu salvador, destruiu completamente a alma e o espírito das pessoas. Com suas almas desertas, dominados pela barbárie e inventores de sua própria moral criminosa, querem tudo e nada: pois quando não têm bens, uivam que estão sendo explorados, e quando os têm, os destroem. Sua selvageria estremeceu o mundo com o ódio e com a destruição. Foram com esses monstros que os perversos plutocratas Roosevelt e Churchill se aliaram na Segunda Guerra Mundial. Foi com esse demônio que nos escravizou e construiu um Estado Infernal à sua própria imagem por trás da Cortina de Ferro. E até hoje a orgulhosa Democracia ocidental não pretende julgar o Comunismo num Tribunal Internacional. Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética: os três primeiros dos “Quatro Grandes Vencedores” se opõem ao Julgamento dos Crimes Contra a Humanidade do último. Ora, nada mais natural: esses crimes também são deles.
Enquanto eu viver jamais esquecerei tudo o que os comunistas fizeram comigo. Tudo o que sofri não tem perdão. Fiz e continuarei a fazer de tudo para ser mais um a denunciar a verdade sobre este regime cruel de terror que destruiu famílias, povos e países inteiros em todo o mundo.”
— Nicolae Sofran em Fuga do Inferno.
Nicolae Sofran é um homem direto e franco, de cenho penetrante e olhar vívido que se orgulha de sua origem humilde e campesina em uma Romênia livre. Qual a origem de tantos dos seus apelos às consciências ingênuas que creem em utopias internacionais? Esta obra autobiográfica, agora em sua edição revisada, melhorada e prefaciada por J. O. Bilda com apêndices dissertativos e fotografias inéditas do acervo pessoal do autor, nos oferece um poderoso testemunho em primeira mão repleto de detalhes tortuosos e apavorantes das articulações e desmembramentos reais do regime socialista imposto sobre a Romênia – e noutras nações do Leste europeu – que perdurou oficialmente de 1944 a 1989, mas cujas sementes ainda persistem dissimuladamente pelo mundo, sobretudo às camadas intelectuais e políticas, e urgem por um enfrentamento legítimo. Fuga do Inferno é um relato objetivo e brutal para leitores de espírito forte.
Nascido em uma família de camponeses romenos em 13 e agosto de 1941 na vila Besenova Veche, trabalhou nos latifúndios socialistas até os 18, quando tenta a primeira fuga de uma Romênia ocupada pela URSS desde 1944. É preso na fronteira e enviado às terrificantes prisões romenas, reconhecidamente umas das piores do mundo, e solto em 1963, aos 22 anos, quando tenta a segunda fuga, sendo preso na Iugoslávia e devolvido à mesma prisão. Com a anistia de 1964, tenta a terceira fuga e, à beira da morte, chega à Áustria, ali se fixando. Em 1966 já reside e trabalha na Alemanha e recebe asilo político.
Em 1978 chega à Santos, e então São Paulo, onde se reúne a outros romenos exilados desde 1945 e vive clandestinamente até 1982. Escondeu-se no sítio de um advogado solidário com a situação romena no litoral sul de Vitória – ES, até que no carnaval deste ano conhece sua atual esposa, advogada, quem por um presente dos céus lhe agraciou com a regularização de sua documentação. Morou na Alemanha, porém retornou ao Brasil e trabalhou como taxista no Rio de Janeiro. Com muita dificuldade aprendeu o idioma português graças às suas similaridades com o italiano. Finalmente, em 1985, Sofran e sua esposa se fixam em Vitória e constroem uma pousada em 2005, aos 64 anos, junto às montanhas capixabas.
Poucas pessoas sobreviveram a tantos terrores, privações e sofrimentos quanto Nicolae Sofran e preservam sua conscienciosidade, humanidade e disposição de ânimo inabaláveis. Sua obra e sua vida são uma só, e não poderia ser de outro modo.
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