A mente moderna vê-se forçada na direção do futuro pela sensação da fadiga – não isenta de terror – com que contempla o passado. Ela é propelida para o futuro. Para usar uma expressão popular, é arremessada para meados da semana que vem. E a espora que a impulsiona avidamente não é uma afeição genuína pela futuridade, pois a futuridade não existe, pois que ainda é futura. É antes um medo do passado; um medo não só do mal que há no passado, senão também do bem que há nele. O cérebro entra em colapso ante a insuportável virtude da humanidade. Houve tantas fés flamejantes que não podemos suportar; houve heroísmos tão severos que não somos capazes de imitar; empregaram-se esforços tão grandes na construção de edifícios monumentais ou na busca da glória militar que nos parecem a um tempo sublimes e patéticos. O futuro é um refúgio onde nos escondemos da competição feroz de nossos antepassados. São as gerações passadas, não as futuras, que vêm bater à nossa porta.
Sobre o autor
Gilbert Keith Chesterton (1874 – 1936), mais conhecido como “G. K. Chesterton” foi um popular ensaísta , romancista, contista, teólogo amador, dramaturgo, jornalista, palestrante, biógrafo, e crítico de arte inglês oriundo de Londres. Chesterton é muitas vezes referido como o “príncipe do paradoxo”.
Crítico do capitalismo e do socialismo, Chesterton foi membro da Sociedade Fabiana, a qual renuncia posteriormente quando viu no distributismo um melhor e mais amplo modelo econômico. No cenário político, ele foi um duro crítico do progressismo e do conservadorismo da sua época. Ele dizia que: “O mundo está dividido entre conservadores e progressistas. O negócio dos progressistas é continuar cometendo erros. O negócio dos conservadores é evitar que erros sejam corrigidos”.
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